quarta-feira, 28 de novembro de 2018

Conselhos Federais estão mudos com a corrupção


Esse episódio do “Mais Médicos” traz à baila a atuação dos conselhos profissionais em nosso país. Não nos pareceu muito lógica a abertura do “mercado” brasileiro para os cubanos, posto, pelo que demonstra o último cadastro efetuado pelo governo Federal, que há médicos sobrando no país para ocuparem essas vagas. Médicos formados aqui mesmo e que, ao se cadastrarem, desmontam a narrativa, a qual sempre andou de muletas, capenga que é, de que os médicos brasileiros não querem ir para o interior, morando onde Judas perdeu as botas, lá nos cafundós.
Ora, para que serve um Conselho Profissional que encampa o discurso do governo à época para facilitar a falcatrua do acordo lesa-pátria com Cuba? Que país no mundo aceita profissionais de saúde trabalhando regularmente em seu território sem comprovação de formação? Que entidade voltada para a proteção do exercício profissional aceitaria tão gentilmente a entrada no território de seus representados, pessoas que, a rigor, trabalham em condições supra-legislação? Creio que o CFM e os CRMs devem essas explicações a seus filiados e mais ainda, ao povo brasileiro.
Na realidade, o problema deste silêncio obsequioso, e vergonhoso, é claro, não está somente no Conselho de Medicina, mas nos parece estar em quase todos os conselhos que serviram aos desmandos do PT nos últimos 16 anos. Milionárias autarquias cooptadas, que se comportam como governo e ou representante da categoria quando interessa e que se valem de resoluções e portarias internas para garantirem mordomias a seus quadros diretores.
Outro caso sem explicação é conselho de representação dos engenheiros, Conselho Federal de Engenharia e Agronomia (CONFEA) e seus puxadinhos estaduais, os CREAs que, até o momento não emitiram uma única nota sobre as empreiteiras e seus engenheiros representados envolvidos, alguns presos, na Lava Jato. Quantos processos éticos disciplinares foram abertos? Quantos foram punidos? Qual é a posição do Conselho?  Tudo isso causa desconfiança, assim como causa desconfiança ações para coibirem a abertura de novos cursos, sob outra desculpa manca, de que “há muitos profissionais no mercado”. Ora, se há um mercado, ele mesmo seleciona os bons profissionais, qualquer controle outro, principalmente na formação, não passa de tacanha reserva de mercado, prática condenada em economias reguladas pela velha lei da oferta e demanda.
E a última pergunta, a quantas andam a fiscalização do Ministério Público nessas entidades que movimentam milhões de reais e poucas satisfações dão ao povo brasileiro?

segunda-feira, 26 de novembro de 2018

A Fortuna abandonou Lula e o PT


Desde que estourou a Lava Jato, Lula e seus companheiros, elevados ao patamar de quadrilha criminosa, foram abandonados pela Sorte. Nada dá certo para a súcia. Lula, o chefe, por exemplo, tentou ser ministro quado a água bateu nas nádegas, mas se enrolou por causa da inabilidade da sua auxiliar e companheira de crime Dilma, que caiu. Tentou se livrar dos processos e nem mesmo pagando a peso de ouro advogados se livrou de indiciamentos, condenação e prisão. Tentou ser candidato e levou seu partido-quadrilha à derrota. Enfim, Lula virou títere da má sorte que a si evocou pela natural soberba dos criminosos que se acham imunes às leis.

A sorte abandonou o bando. Nosso velho amigo Nicolau Maquiavel já adiantava isso há séculos: nós, mortais, temos duas metades determinando nossos destinos, a Virtude e a Fortuna. Na realidade, a Virtude entendida como nos preparamos para a vida e a Fortuna como a sorte de aproveitar esse preparo em hora apropriada.

Sem virtudes, Lula e o PT precisavam inventá-la para enganar o povo brasileiro. Para isso, montaram um teatro que esteve em cartaz por mais de 30 anos no país, dirigida pelo marketing da enganação, enquanto o tesouro era pilhado pela quadrilha. Pensavam continuar o roubo por toda eternidade, mas não contavam com a Lava Jato e a coragem de juízes e promotores na desmontagem da farsa.

Resultado, hoje Lula está preso e outros de seus companheiros logo lhe farão companhia. Ignoraram que a deusa pagão Fortuna é mulher e daquelas que não aguentam abusos e desaforos e quando abandona é para sempre e dá aos imprudentes alto preço pelas suas mágoas.

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Ó dó! - A velha imprensa sabuja, com seus jornalistas venais lambe-botas, começou uma campanha orquestrada pedindo a prisão domiciliar de Lula, que estaria sofrendo muito na cadeia e teria ficado até de cabelos brancos!

Eco sem eco - Concordo com os petistas quando vejo eles citando Umberto Eco, "as redes sociais deram voz a uma legião de imbecis". Espero rindo que tenham lido algum livro de Eco e saibam definir semiologia.

Hipócritas - Enquanto existir um só morador de rua em Curitiba, falar em espírito de Natal, na cidade, não passará de hipocrisia.

O Pirotécnico rolha de poço
O alcaide de Curitiba, bem nutrido, pirilâmpico e roliço,
Anuncia fogos de artifício, porém sem estampidos,
Quer um Natal luzido, afrescurado, sem barulho e ruídos;
Cuida dos cães da madame de sensíveis ouvidos,
Porquanto, nas ruas, roncam as barrigas dos mendigos.

O lixo global -A Globo desafia a vontade do povo, insiste na merda, por isso perde audiência.

Conselho - Mantenha os inimigos sinceros por perto e os amigos da onça bem longe!

O sapo informa:
Vaga-lume se dana
Porque acende a bunda.

Patientia, fratres!

sábado, 24 de novembro de 2018

Sabotagem do PT passará por greves na Educação e Saúde

José Fernando Nandé



Não é preciso ser um gênio da lâmpada para adivinhar as reações do PT na retomada da ordem em nosso país, a partir de primeiro de janeiro. Um partido que se funda na desordem, na sabotagem da sociedade, em todos os aspectos, a greve, como sempre foi, será novamente uma de suas armas. Isso, é lógico, enquanto seus líderes não forem todos encarcerados e apenados, o que será inevitável, em virtude da gravidade dos crimes que estão sendo investigados pela Polícia Federal e a eles imputados.

Resta saber se o PT e seu braço sindical, a Central Única dos Trabalhadores (CUT), além dos costumeiros puxadinhos partidários e sindicais, encontrarão as condições objetivas para levantarem algum movimento paredista de forma eficiente e convincente. Falo aqui do Serviço Público, pois na inciativa privada, essas condições simplesmente não existem, afinal, desempregados e desesperados em manter o emprego, os que ainda tem, não fazem greve, querem trabalhar e ponto.

Por óbvio, a investida do PT será no Serviço Público, que ganhou o direito à organização sindical com a Carta Magna de 1988, porém com restrições ao direito de greve. Direito esse até hoje discutido em seus pormenores pelos lentos e quase solidários tribunais.

Cabe ao governo que assume, com novas diretrizes na retomada da ordem - principalmente, na administração da Educação, Saúde e nas empresas públicas a serem privatizadas - agir com o rigor da legislação existente.  Ou melhor ainda, codificá-la e aperfeiçoá-la de maneira clara, por meio do Legislativo. De tal sorte, que tenhamos uma legislação que ressalte os direitos e coíba de forma eficaz os abusos.

É inconcebível, por exemplo, o empregado da iniciativa privada ter seus dias de paralisação descontados dos salários e os funcionários públicos terem esses descontos perdoados em reposições de horas para inglês ver. Chega do escudo da estabilidade no emprego para se fazer baderna.

Ou seja, aos que abusam, o rigor da lei, mais nada. A lei já permite, mas é preciso um esforço legislativo, como adiantamos, para ela fique clara:

 - convocação dos grevistas a reassumirem imediatamente o exercício dos respectivos cargos;
- instauração de processo administrativo disciplinar para apuração do fato e aplicação das penalidades cabíveis;

- desconto do valor correspondente aos vencimentos e vantagens dos dias de falta ao serviço e a contratação de pessoal, por tempo determinado, configurada a necessidade temporária de excepcional interesse público, gerada pela paralisação do serviço;

- a demissão a bem do serviço público aos que desrespeitarem estatutos e leis.

Essa é a vacina para a bagunça, para a irresponsabilidade dos que deixam nossas crianças e jovens sem aulas e nossos doentes sem atendimento e a população, enfim, de maneira geral, sem os serviços que paga com pesados impostos.

José Fernando Nandé - Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo (UFPR), professor graduado em Matemática, pós-graduado em Economia do Trabalho.


terça-feira, 20 de novembro de 2018

A falência do modelo sindical brasileiro, pelego e atrelado ao Estado

José Fernando Nandé


As relações Capital e Trabalho são inerentes ao modo de produção capitalista. Não há nação desenvolvida neste mundo que não observe com respeito esta coluna de sustentação e equilíbrio do sistema. Entretanto, no Brasil, essas relações nunca estiveram tão enfraquecidas como neste início de Século. Chegamos aqui a um sindicalismo moribundo -  ou seja, absolutamente nada representando além de si mesmo, ao ter apostado em governos que muito prometeram à nação e somente entregaram a ela a corrupção, a desordem nas contas públicas, o esfolamento dos brasileiros com impostos - para manter uma máquina pública falida, burocrática e inoperante - e o desalento do desemprego decorrente da baixa produtividade de setores empresariais.

Os motivos para essa tragédia estratégica da representatividade sindical , como veremos a posteriori, são muitos, mas que, em essência, prendem-se ao modelo equivocado de sindicalismo adotado no país, anacrônico e distorcido ab initio, o qual o transformou em fábrica de pelegos cooptados e tutelados pelo Estado, nas negociatas políticas e relações nada republicanas que se estabeleceram. Por isso, são hoje os sindicatos, em sua maior parte, "empresas de serviços" que enriquecem seus dirigentes, patronais e laborais, formando assim uma casta que negocia e assina acordos, mas sem representar o que dizem representar, num jogo de faz de conta absurdo, em que se usam dublês de trabalhadores grevistas, estudantes doutrinados, funcionários públicos dispensados do ponto e o lumpesinato e bate-paus contratados a troco de sanduíches outras misérias.

Historicamente, não há como negarmos as anomalias na gênese de boa parte dos sindicatos e respectiva estrutura, no Brasil, sobremodo com a industrialização da primeira metade do século passado. Estrutura sindical inspirado pela Carta del Lavoro (1927) do fascismo de Mussolini, adotada quase que ipisis litteris pelo ditador Getúlio Vargas, neste subcontinente tropical de tetas secas. Assim nasceram nossos sindicatos, rendendo culto à personalidade, ao grande "pai dos pobres", alimentado pelas migalhas que caíam da mesa do Palácio do Catete e servido pela máquina estatal, por meio do Ministério do Trabalho, que acomodava os pelegos em sindicatos, federações e confederações, com reflexos na Justiça do Trabalho.

Por ter seu cordão umbilical ligado ao Estado, sempre aparelhado por partidos, ignorando seu caráter plural, o sindicalismo brasileiro pagou alto preço com João Goulart (presidente e ex-ministro do Trabalho) que tentou ações tardias e desesperadas de sustentação a seu governo que caía de podre. O Movimento Militar de 1964, em parte, se justifica nessas ações desastrosas de Goulart. Com isso, sabendo como funcionava o sistema, não foi difícil para o Movimento subsequente aperfeiçoar os métodos para manter os pelegos sossegados, inclusive com a nomeação de interventores em alguns sindicatos, os quais ameaçavam criar problemas não desejados.

Entretanto, a partir do final dos anos 1970, com as greves do ABC, o sindicalismo esboça alguma reação, inclusive com o combate aos seus principais problemas, declarando guerra ao peleguismo, aos interventores, à estrutura verticalizada imposta no sistema confederativo. As principais palavras de ordem, que chegaram até a coincidir com o período constituinte, eram: "fora pelego", "não ao Imposto Sindical", "por  uma Central dos trabalhadores" e "adoção da Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho (OIT)" - diretriz que permite, em última análise, a livre organização dos trabalhadores sem a interferência ou normatização estatal, concedendo até mesmo a representação sindical dos funcionários públicos, acolhidos, à época, por associações de cunho recreativo.

De fato, essas palavras de ordem produziram efeitos, parciais, é verdade. Em pouco mais de uma década, pelos sucessivos movimentos paredistas, com auxílio de grandes escritórios de advocacia e partidos, os antigos pelegos foram derrotados em eleições ou simples destituições. Mas o avanço ficou nisso. À medida que os sindicatos eram ocupados por essa nova onda "progressista", nada das palavras de ordem iniciais se efetivaram.

A partir da Constituição de 1988, com a "esquerda" satisfeita ao ocupar os sindicatos e o parlamento, verificou-se que a antiga estrutura ficara praticamente intacta, federações e confederações de trabalhadores e patrões continuaram a se servir do Estado, por meio de descontos compulsórios e o famigerado Imposto Sindical. Com a Carta Magna, os funcionários públicos ganharam representação de sindicatos. Representação nascida sob o manto de partidos, tornando-se, portando, braço ideológico partidário, apoiada na estabilidade do emprego e numa legislação que não cobrava responsabilidades desse setor.

Além disso, apareceram as Centrais Sindicais para repartir o bolo e pretensamente dar direcionamento às lutas dos trabalhadores. A Convenção 87 foi ignorada e o Ministério do Trabalho ainda continua funcionando como cartório de registro sindical, nas reservas do mercado representativo classista.

Em paralelo, a Justiça do Trabalho continuou a exercer seu papel e regula movimentos paredistas por meio dos dissídios coletivos e aplicação das leis de greve. Boa parte dos sindicalistas abandonou o chão de fábrica e assumiu a burocracia sindical e de Estado, numa perspectiva de rentável e cômoda carreira "profissionalizada", a qual, mormente, descamba para o peleguismo tão prejudicial aos trabalhadores quanto o foi com Vargas e outros governantes posteriores.

Depois desse ensaio de renascimento, já nos governos Sarney, Collor e FHC, estruturado, o movimento sindical caminhou novamente para sua efetiva submissão ao Estado, com suas lideranças guindadas a postos políticos num movimento de cooptação de lideranças que atinge seu ápice nos governos de Lula e Dilma, com enorme impacto nas estatais - em destaque as que sofreram com a corrupção, como os Correios e a Petrobrás, por exemplos. As greves, principalmente no setor privado, ficaram escassas e as reivindicações salariais se diluíram nas águas dos interesses difusos das minorias e das Ongs, produzindo acordos sofríveis para quase a totalidade das categorias.

Dessa forma, chegamos aos nossos dias, com 14 milhões de tralhadores desempregados, com a precarização das condições de trabalho, com a diminuição de salários e com os sindicatos totalmente desacreditados, sem bandeiras unificadoras. Há de observar que, junto com os partidos políticos, desde de 2013, os sindicatos foram colocados fora do jogo dos movimentos das grandes massas, que se mobilizaram por mudanças no país. Não se registra um único sindicato laboral que tenha se notabilizado na participação efetiva nessas manifestação,  assim como qualquer partidos dito de esquerda ou social-democrata. As massas esnobaram seus pretensos líderes, pois os identificaram com o status quo; buscaram novas lideranças, fora das antigas estruturas e se utilizaram para isso de mecanismos paralelos para sua própria organização por meio das redes sociais. De repente, o velho panfleto e a imprensa sabuja já não conseguiam motivar ou alterar os ânimos da opinião pública.

Hoje, o sindicalista - aquele raro, com algum espírito classista - deve estar se perguntando como reverter isso tudo, como voltar a ter voz e representar os trabalhadores de fato? - Ora, vamos abordar essas possíveis soluções em outros artigos, mas adiantamos que, o país caminha a largos passos para o liberalismo econômico, em que as relações de trabalho são determinadas não somente pelo toma-lá-dá-cá empresarial e governamental, mas pelo conjunto dos avanços tecnológicos fabris - há um robô nas fábricas! -, pelo mercado nu, sem enfeites fora da livre concorrência, nas novas formas de se comunicar e nas novíssimas relações sociais decorrentes, mui diversas das conhecidas até agora.

É um caminho sem volta, lutar contra ele será portar-se como quixote, apoiado num sistema que já não corresponde ao nosso tempo, pois ficou preso à década de 1940. Há de se refletir, se reinventar e agir.  Por fim, fugir desses modelos do atraso que tantos males causaram à nação brasileira. Fora isso, é continuar esmurrando ponta de faca, ignorando a cru realidade do mundo do trabalho e sua dinâmica que se acelera.

José Fernando Nandé - Bacharel em Comunicação Social - Jornalismo, graduado em Matemática e pós-graduado em Economia do Trabalho (UFPR).

quinta-feira, 15 de novembro de 2018

Curitiba e sua arte de ignorar o sofrimento alheio


Ares de Natal... Verdes árvores de Natal... Curitiba está vestida de Verão. O Sol, esse quase desconhecido ente universal, que muito brilha acima do Trópico de Capricórnio, vem dando seu ar da graça e grassa abundante quase todos os dias por nossas esburacadas ruas, por nossas populosas favelas e dá, generosamente, sem paga, absolutamente sem nada em troca, sua luz e conforto para todos e, em especial, para aqueles que nada mais possuem: os habitantes das ruas, os esmoleiros esfaimados, mendigos, os usuários de drogas, os desocupados, enfim, os que esperam alguma atenção da espetacular máquina da indiferença administrativa da Prefeitura Municipal. Afinal, algo aqui havia de ser gratuito e o Sol tomou para si essa tarefa, de iluminar e aquecer, em seu radiante colo, os esquecidos; de dar de si alguma energia para essa gente tão desesperançada e que vê nas ruas seu lar, ofício, calvário e sina.

Mas nem mesmo o Sol suporta por muito tempo a situação de abandono que castiga nossa amada cidade. Em suas tardes, geralmente ele chora. Choro gutural de quem muito sofre; lamúria antecipada por ribombantes trovoadas, coriscos aterradores, ventanias... Seu choro é, depois desses sinistros sinais, o aguaceiro que se mistura ao desespero do choro dos desgraçados. Dessa gente que, pela falta de misericórdia e atenção, padece num inferno medonho. Na chuva e nas suas lágrimas, nosso povo esquece o quente Sol e volta ao sofrimento ordinário e no aperto por sob as marquises dos prédios busca proteger-se: encolhe-se, se cobre com jornal, caixas de papelão, restos de trapos, com o que for possível arranjar, e ali dorme, antecipando o sono da paz do túmulo que em horizonte não muito distante lhe acena em calafrios nalgum indigente cemitério... Dorme e vigia na calçada friorenta e molhada e tenta assim descansar seus ossos e suas misérias tão evidentes, as quais o Poder Público minimiza a existência em flácidos discursos desprovidos da mais simples das comiserações e racionalidade. Impiedosos, os agentes do governo e algozes de seu povo tiram dos mais estapafúrdios silogismos a lógica dos imbecis. Dizem que o povo esfarrapado prefere a rua, escolhe sofrer a deslocar-se para um abrigo público...

Ora, ora, como se fosse natural do homem optar pelo sofrimento. Jamais! – Homem, mulher, criança, velhos, inválidos, o que seja e que possa ser chamado de humano neste mundo faria tal opção, pois o desejo de autopreservação -- tendência de proteger a própria vida ou integridade -- é instintivo até mesmo entre os animais, da mais elementar das moneras até os organismos mais complexos. Ninguém, ser algum, coloca sua vida em risco, a não ser se for por uma causa extrema. E o que nos parece evidente é que, se aqueles que estão em situação de risco recusam o auxílio da Prefeitura, é porque esse auxílio não corresponde exatamente ao que esperam para salvaguardar suas vidas. Algo está errado e muito errado, pois o espírito de sobrevivência desse povo em abandono nas esquinas não vê nas ações da Prefeitura elementos que lhes ofereça, com absoluta segurança, as condições necessárias para seguir vivendo e não apenas sobrevivendo.

Isso posto, caso ainda haja algo de humanidade naqueles que são responsáveis pelo destino dos mais necessitados; e ainda, considerando demonstrada a necessidade de mudança urgente no direcionamento das políticas públicas até agora adotadas em relação a essa população em situação de risco permanente, é que vimos suplicar, de toda nossa alma, que se faça a luz de imenso Sol nos corações desses agentes públicos. Pois, ficar com esse discursinho para lá de demagógico e de receita pronta, engendrado por quem não tem compromisso com a cidade, é condenar nossa gente à morte. E a isso, ao descarte deliberado de seres humanos, nunca vamos nos calar.

Definitivamente, a rua não é opção. A rua para esse povo é mais confiável do que a conversa mole de quem tem sua confortável cama para dormir todas as noites, mas que se nega a fazer um exame de consciência, por orgulho e vaidade; por falta de calor humano, experiência em lidar com gente, e boa vontade.

segunda-feira, 12 de novembro de 2018

Para a Globo, passear com fuzil é normal e não ameaça



A cartilha do politicamente correto, a pré-censura que se utilizam os cretinos, faz bela carreira entre meus colegas de profissão. A última estupidez do "jornalismo global do bem" é acreditar que nada há de ruim, em bandidos levarem para passear seus fuzis pelas ruas, como se os fuzis fossem entediados cachorrinhos de apartamento. Ora, cartilhescos colegas, não há boa intenção alguma em quem anda com um fuzil no meio da rua, fuzis não param de árvore em árvore para fazer xixi. Fuzis disparam e matam.

Os indivíduos do crime organizado que estão com um fuzis nas ruas, no mínimo, guardam a intenção de intimidar cidadãos que não consomem drogas ou cometem outros crimes inerentes à quadrilha que manda no pedaço. Portar um fuzil é uma exibição de poder e um atestado da falência do Estado. Um desafio às leis. Escárnio ao estado de direito escancarado por sujeitos geralmente chapados - e vocês sabem muito bem o que é um chapado - esses caras não pensam duas vezes antes de atirar, colocando ou não a vida de terceiros em risco. Por isso precisam ser abatidos.

De uma vez por todas, o fuzil é uma arma de guerra feita com um único objetivo: matar. Sua munição, mira, alcance e sistema de disparos foram engendrados para eliminar sumariamente o inimigo em campo de batalha, em guerras. Por isso, quem é atingido por um disparo de fuzil tem pouquíssimas chances de sobreviver. Mas, ignorando o número crescente e inaceitável de policiais mortos quase que diariamente, nos vem o argumento dos néscios, que tomam o particular pela regra geral: "mas e a furadeira e o guarda-chuva que, nas mãos de inocentes, podem ser confundidos com um fuzil?". Ora, faz favor, aprenderam raciocinar com as amebas desidratadas? Pois, essas situações se colocam como casos isolados e seus tristes resultados não são frutos de franco-atiradores treinados. A proposta é clara: uso de franco-atiradores (este é o nome, em nossa língua) para eliminar bandidos que portem armas de guerra nas ruas - metralhadoras, pistolas 9mm e granadas, inclusive.

Os resultados trágicos obtidos até agora em vários casos de enfrentamento policial, certamente foram inspirados pela inépcia de uma política de segurança falida, a qual coloca despreparados nas ruas, porque a verba para treinamento e equipamentos da tropa foi surrupiada por corruptos, justamente aqueles corruptos, alguns já presos e condenados, que o "jornalismo" ignorou nos seus crimes, enquanto o caixa da emissora ou jornal faturava com anúncios estatais e promessas de bom faturamento com a Copa, Olimpíada  e eventos do naipe.

A violência não se combate com flores ou com talquinho na bunda de bandidos. Um fuzil nas mãos de malfeitores e nas ruas, ou em qualquer lugar, é uma ameaça sim.

Parem, senhoras e senhores, de cobrar dos órgãos de segurança soluções com conversa mole - por que não experimentam ir lá no morro e pedir por favor para que o facínora, pobre vítima da desalmada sociedade capitalista, se desarme e deixe de traficar? Façam isso. O recado do novo governo é simples: quer viver em sociedade, simplesmente não ande com um fuzil nas mãos. Caso contrario não vai viver, porque os cidadão ameaçados precisam viver. Ponto.


sexta-feira, 9 de novembro de 2018

Daniel, a tragédia em busca de audiência


É de nosso latino sangue - ó troianos, descendentes de Eneias -  esse estranho gosto pela tragédia. Por isso, histórias reais, embora nos parecendo que saíram dos textos dos romances ou teatro, tanto nos causam comoções, provocam a ira, a dor, a compaixão e a própria dúvida do real progresso civilizatório da humanidade.

E eis que, neste final do ano da graça de 2018, estamos diante de mais uma dessas histórias. A tragédia da vez é o assassinato do jogador Daniel, em circunstâncias de extrema violência, com os ingredientes da animalidade que, por infortúnio, ainda nos são latentes e moram em nós - não duvide disso, amigo, amiga, há pouco mais de 3 mil anos a humanidade habitava as cavernas e estava sob o jugo de códigos morais e legais em que se aceitavam todo e qualquer tipo de violência em resposta a outros crimes não menos bárbaros. Escritos sagrados dessa época ilustram bem o que digo e afirmo.

A história de Daniel e a forma em que ele deixou a vida reúnem todos os ingredientes para as tintas dramáticas de algum Sófocles moderno transferir o drama para os palcos e obter a catarse exigida por Aristóteles em sua Poética: a tragédia como expressão da arte por meio da compaixão e do temor, em busca da expurgação ou purificação dos sentimentos (catarse).
Na realidade, com os meios de comunicação modernos - fantasticamente explorando a velocidade da luz, na difusão da informação - não nos é mais necessário o palco para as encenações trágicas, a própria imprensa, em capítulos diários, à moda dos antigos folhetins,  nos fornece a oportunidade de seguir todos os atos trágicos, em capítulos de hora em hora. São os repórteres policiais os nossos novos dramaturgos - poucos porém, com algum brilho ou talento para isso. A maior parte limita-se contar uma história, muitas vezes misturando ficção e realidade, na rapidez que os meios exigem, sempre em busca de audiência e o mais importante, atrás do dinheiro, por meio dos anunciantes noutra tragédia, a do mercado de comunicação.

Sim, nosso ingresso ao espetáculo é a propaganda do pé de chinelo, do sabonete, da margarina ou da gasolina. Acompanhemos, portanto, mais esse drama, amigos e amigas de copo e de cruz, seu desfecho conhecemos, pois a tragédia se faz tão antiga quanto o homem. Busquemos nossa catarse, ignorando que a brutalidade das pedras também habita nossas almas. Durmamos felizes com isso.

Amanhã, ao acordarmos, certamente, outro folhetim do mesmo feitio ou mais dramático ainda em violência se desenhará em nossos televisores, em nossas redes sociais. A vida despropositada que nos obriga a modernidade, nos parece que está resumida a isso, seguir capítulos para nosso deleite do pai que joga a filha pela janela; da menina bonitinha que mata os pais; do maluco que invade uma escola e fuzila colegas; do jovem jogador de futebol que bebe, faz besteiras, e depois é morto e desmembrado por um marido aparentemente ciumento e que acha, como os antigos bárbaros, que com uma faca se faz a lei.

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A gaita do Gaúcho
Como diz o gaúcho: este mundão está virado numa gaita "véia"!

Valia
Alma vazia, sem amor,
Sem tristezas, sem alegrias
A ti, não teria valia.

Sensato
Voltar atrás no equívoco
Não é vergonhoso
Vergonha é teimar no erro.

Bocó
O patrulheiro do pensamento alheio
É um bocó
Incapaz de pensar por si só.

Conceitos
A cidade pode até ser inteligente... Mas seus políticos...

Sofisticada
A Loira Fantasma está sofisticada. Só anda de Uber preto, chega de táxi.

Das merdasEsperando uma grande análise de esquerda-burguesa baseada no materialismo histórico, do tipo "luta dos contrários e negação da negação", mas nem isso mais sabem fazer. Pobres timoneiros do proletariado!

Assassinatos
Um dia matei 10 pessoas numa manchete de jornal. A notícia tinha vindo de Santa Catarina, dia de chuva e a internet ainda era à manivela. O repórter mandou um fax, quase meia-noite. Não dava para ler direito, jornal pra fechar. Tasquei 29 mortos num acidente e eram 19. No dia seguinte recebi uma mensagem da prefeitura local perguntando-me onde estavam os 10 outros. Advertência e quase demissão. Tornara-me um assassino virtual.

TransparênciaEm algumas prefeituras brasileiras, transparência a gente só vê nas meias de nylon das amantes dos prefeitos, secretários e vereadores.

Matemáticas
Coisas inúteis que você deveria saber e poderiam ter mudado a sua vida, assim como mudaram a minha: num triângulo retângulo, os primos 3 e 5 são proporcionais a uma terceira medida de ordem 4: assim 6, 8, 10... 9, 12 e 15...

Chupeta chapada
Sou do tempo em que chapada era apenas um acidente geográfico e chupeta era aquela coisa de borracha feita única e exclusivamente para crianças.

Borboleta & miudezasSer como uma borboleta
Visitar todas e somente as flores
Porque a vida é tão curtinha
Que não temos tempo
Para nos ocuparmos com miudezas
Com coisas de poucas belezas
Sem gosto, sem alma e sem perfume.



Caminheiro
Venho de longe, caminheiro
Por esta longa estrada
Com os passos cada dia mais curtos
Com a pele pelo Sol enrugada
Vi coisas belas, conheci anjos
Demônios e gente bárbara
Susto não tenho mais
O espanto morre aos poucos com o cabra
Venho de muito longe, caminheiro
E já sei onde esta estrada acaba.



Patientia, fratres!

quinta-feira, 1 de novembro de 2018

Convenção da OIT livraria empresas da CNI

José Fernando Nandé


Os dinossauros do empresariado brasileiro são uma comédia, principalmente os adiposos industriais, que vivem do corporativismo e mamando deitados nas tetas deste fraco leitão chamado Estado, por meio do protecionismo de seus trustes e cartéis maquiados. Não falo aqui dos pequenos e médios empresários, ou até mesmo dos grandes de mente arejada, falo dos representantes do empresariado bandido e atrasado, que sufocam seus pares verdadeiramente emprenhados no crescimento das empresas, criando emprego e renda.
Assim, num jogo de cena, esses megalossauros industriais cobram do governo – quaisquer governos – liberdades e diminuição de impostos e por meio de suas organizações sindicais sempre acabam com a parte boa do filé, nas anacrônicas desonerações e outras sinecuras e deixam o osso duro para as outras empresas que não fazem parte da sacanagem do corporativismo do atraso.
Isso explica a fala do futuro ministro da Economia, Paulo Guedes, ao explicar a necessidade da fusão dos ministérios da área econômica em um somente: “vamos salvar a indústria, apesar dos industriais brasileiros”. Ou seja, chega de protecionismo estatal para a meia-dúzia de sempre; os impostos serão reduzidos, mas a sacanagem do privilégio não tem mais sentido no Século XXI, todos vão ser tratados de forma igual perante a lei – não importando o tamanho da empresa e ramo de atividade.
Imediatamente, em resposta ao futuro ministro, as grandes indústrias reagiram por meio da toda poderosa e arcaica Confederação Nacional da Indústria (CNI), na crítica ao novo super-ministério e a perspectiva de se ter uma verdadeira política de desenvolvimento por igual da indústria nacional e conseqüente comércio baseado na livre concorrência.
Ora, a CNI e outras organizações patronais e laborais ainda estão em 1927. Explico, a maior distorção na organização das entidades classistas é seu modelo fascista. Sim, histórica e nitidamente inspirado no fascismo, em específico na Carta do Trabalho (italiano: Carta del Lavoro – 1927), importada pelo ditador Getúlio Vargas e que ainda é observada em nosso país, como disse, por patrões e empregados.
Essa Carta é o documento, onde o Partido Nacional Fascista de Benito Mussolini apresentou as linhas de orientação que deveriam guiar as relações de trabalho na sociedade, nomeadamente entre o patronato, os trabalhadores e o Estado, sendo uma das facetas do modelo político corporativista. Segundo este documento, todos deveriam seguir as orientações e o interesse do Estado. Pois bem, a pergunta é: como podemos avançar para um modelo liberal na Economia, se os representantes da anciã indústria brasileira não se oferecem ao desmame estatal, pois entendem que têm direito eterno às tetas do Estado, mesmo que isso prejudique o restante dos brasileiros?
Na realidade, o novo governo, ao mesmo tempo em que deve colocar em curso as necessárias reformas econômicas, também tem que investir em verdadeira reforma sindical, a qual valerá para os patrões e empregados, na simples adoção da Convenção 87 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), aprovada em 1948, na cidade de São Francisco, EUA.
Essa Convenção, entrou em vigor no plano internacional em 1950, adotada por 108 dos 164 Estados Membros da Organização. Entretanto, com seu modelo fascista de organização de sindicatos, o Brasil não aderiu ao tratado – sobremodo porque seus princípios determinavam livre organização sindical, sem interferência estatal alguma, podendo inclusive, patrões e empregados se organizarem até mesmo em sindicatos por empresa e não mais em sindicados únicos em grandes bases territoriais e tutelados por um sistema confederativo, inclusive pela legislação que determina ainda o registro sindical no Ministério do Trabalho para garantir as boquinhas e prebendas de notórios pelegos.
De acordo com documento do Departamento Intersindical de Assessoria parlamentar (Diap), “em obediência à Constituição da OIT, o Presidente Eurico Gaspar Dutra encaminhou o texto da convenção ao Congresso Nacional (Mensagens n. 256, de 31.5.49). Entretanto, até hoje não foi possível sua aprovação, porque a Constituição de 1946 legitimou o exercício pelos sindicatos de funções delegadas pelo Poder Público, previstas na CLT; a Constituição de 1967 manteve essa norma e explicitou que essas funções se incluíam, desde logo, a de arrecadar contribuições instituídas por lei para custeio de suas atividades; a vigente, de 1988, impôs a unicidade de representação sindical em todos os níveis e manteve a contribuição compulsória dos integrantes das respectivas categorias para o custeio do sistema”.
Portanto, com a queda do Imposto Sindical e demais subsídio de cabresto estatal, o novo governo tem que se livrar do que restou do modelo de Mussolini, caso queira realmente um modelo liberal na Economia. Para isso basta uma lei que diga a essas corporações que se virem por conta e risco, o Estado brasileiro não vai mais ser babá do atraso.
José Fernando Nandé é graduado em Comunicação Social (UFPR), professor graduado em Matemática e pós-graduado em Economia do Trabalho.

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